quarta-feira, 11 de junho de 2008

Antropologia

Vou postar tudo que anotei nas aulas de antropologia. Qualquer dúvida, é só me escrever.

Antropologia: Aula 3 (5/junho)

Em contraponto ao relativismo, que possuia um olhar compreensivo sobre a comunidade local, surge o anti-relativismo, que crê que esse olhar relativista e e demasiadamente tolerante beira à indiferença.
O anti-relativismo se apega a alguns valores ditos universais, como o direito à vida (que é desrespeitada por algumas culturas, como aquelas que praticam o sacrifício), que, ao serem desrespeitados, são diagnosticados por antropólogos relativistas, que não os denunciam - de modo "indiferente". Os relativistas argumentam que tais valores foram estabelecidos em e por uma determinada sociedade ( a ocidental moderna) e não podem ser impostos a diferentes culturas.

A antropologia estruturalista, representada por Levi-Strauss, possui herança francesa - como Durkheim - e propõe a busca de verdades. Tais verdades possuem uma estrutura cultural e uma aparência cultural - a ideologia, conceito marxista, ou a maquiagem do "corpo" durkheimniano. A aparência, mais evidente, esconde a estrutura cultural - o que é comum em todas as culturas. O antropólogo (em busca das'' verdades'' de uma cultura), diferentemente do repórter, não se limita a entrevistar os indivíduos da comunidade em foco, ele vive com essa comunidade e, por isso, vai além da aparência cultural, derruba a ideologia e encontra a estrutura; as verdades não são visíveis na fala, se expressam na ação, a prática se impôe ao discurso que a maquia.
A ideologia é desvelada pela antropologia e revela a dominação - a exploração do homem pelo homem, denunciada pelo marxismo e pela antropologia.
O antropólogo estruturalista busca a cultura estrutural em detrimento da cultura aparente, que, trazida para fora de seu contexto, perde o sentido.


Antropologia: Aula 4 (10/junho)

O estruturalismo enfatiza a prática diante do discurso, cujo fim é escamotear a verdade. Para Geertz, o estruturalismo possui um olhar etnocentrista, pois julga o discurso - o que não cabe ao antropólogo. A verdade buscada não existe em lugar algum, toda verdade é parcial, e toda sociedade cria sua verdade, assim como toda ciência, ao analisar um objeto, produz uma verdade parcial, dependente da perspectiva - ou da interpretação - de quem o fará. Por ser tão relativo, "em cima do muro", Geertz foi acusado de diminuir o poder da antropologia, de querer rebaixá-la. Porém, para ele, a antropologia não pode distorcer a auto-imagem de uma sociedade, nem ditar o que é verdade e o que é falso para ela; a comunidade local tem o direito de viver sua verdadem sua auto-imagem, independente do ponto de vista do antropólogo. O interpretativismo de Geertz é radicalmente relativista, consciente de que o olhar do antropólogo é apenas mais um entre outros sobre uma mesma cultura, o que fragmenta o entendimento da verdade; deve-se enfatizar as semelhanças entre a auto-imagem da comunidade e a visão desta comunidade pelo antropólogo, a união das verdades em detrimento das discordâncias.
Geertz diz: " o real é tão imaginado quanto o imaginário", propõe o relativismo-interpretativismo, isento de cunho político. Para ele, o texto antropológico sempre causará uma interferência na comunidade local, podendo, por isso, a comunidade global pressiona-la. Em contraste a isso, Bourdieu considera isso uma fatalidade, e que o fim da antropologia é exatamente este: denunciar.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Antropologia

Vou postar tudo que anotei nas aulas de antropologia. Qualquer dúvida, é só me escrever.

Antropologia: Aula 2 (3/junho)

A partir da revolução de Malinowski, traz-se a Antropologia para a academia, e adota-se o relativismo, que possui uma visão mais respeitosa com a cultura locas a ser estudada e parte do seio dela, e não do exterior.

A História desgarrada da Antropologia.
A (ciência da) História foi, a partir da Revolução Francesa,  a queridinha das ciências sociais. No século XIX, com a Escola dos Annales, se buscava produzir uma história científica, contrária a que existia, uma história mitificadora, que que criou heróis, como Napoleão - e foi retomada, com a mesma finalidade, durante a ditadura militar no Brasil. Essa História acabou por tomar influências marxistas e tomou como parâmetros as estruturas econômicas e as lutas de classes. Esta história foi chamada de Meta-História. Por visar as estruturas econômicas, era uma visão geral e grandiosa da história e separou-a em eras - períodos longos de tempo.
Pela Meta-História possuir como objeto a economia, e a Antropologia a cultura, elas sempre estiveram separadas. O momento de encontro entre elas se dá, minimamente, com Thompson.
A partir da década de 70, com Marshall Sahlins une as disciplinas e cria a História Cultural, uma crítica aos métodos científicos da História. Concomitante a isso há o processo de enfraquecimento do socialismo no mundo e uma tendência à multi e interdisciplinariedade, que dá origem à Micro-História e à História Oral.
A cultura da Antropologia se torna espaço de resistência em relação à economia da História.

Antropologia

Vou postar tudo que anotei nas aulas de antropologia. Qualquer dúvida, é só me escrever.

Antropologia: Aula 1 (27/maio)

Em comparação à Sociologia:
Enquanto a sociologia utiliza um método quantitativo e estatístico, a antropologia possui um olhar mais específico (ou micro) sobre o objeto, que é a cultura - diferentemente da sociologia, que analisa a sociedade. A cultura é um elemento que, entre os indivíduos, identifica e ao mesmo tempo diferencia, aproxima e antagoniza.

O surgimento da Antropologia:
O termo "Antropologia" foi criado ao "Sociologia", nos séculos XVII e XVIII. Porém, o desenvolvimento da ciência é posterior, se dá no século XIX, por meio de um etnocentrismo surgido durante o neocolonialismo, e com isto, houve a diferenciação entre colonizador e colonizado. Há a apropriação da cultura do colonizado, que se torna uma mercadoria e é exportada à Europa e exibida como uma cultura inferior, primitiva, marcada pelo evolucionismo, por o colonizador busca encontrar nesta cultura "primitiva" o seu passado, o que ele já foi. Não havendo interesse na cultura local e sendo ela apenas uma forma do colonizador compreender a sua própria, há o preconceito.

O etnocentrismo e o evolucionismo contra o relativismo:
A ruptura do olhar preconceituoso do outro se dá ao momento em que a Antropologia passa do museu para a universidade (academia), em que o etnocentrismo acaba, e há uma preocupação e um entendimento do "outro" e , a partir disto, o respeito. O fim da "Antropologia de varanda" se dá com Malinowski. Para ele, não há possibilidade de se confiar no relatório de alguém que não vai a campo, que prescinde do contato direto com o objeto a ser estudado. A Antropologia acadêmica e relativista compõe a 2ª fase da Antropologia. Aproxima-se o antropólogo do objeto por meio da etnografia - o método antropológico de análise e o trabalho de campo sendo apenas uma parte dela, isto é, o antropólogo insere-se na cultura, o seu objeto de estudo.
A busca pelo exótico, objeto da 1ª fase antropológica, junto ao etnocentrismo, é derrubado pelo relativismo de Malinowski na década de 20, e então o selvagem passar a ser a sociedade colonizadora, devido às guerras nesse período, e o "selvagem colonizado" não é mais inferiorizado, pois é organizado e mantém-se autonomamente. Além disso, teria muito a ensinar sobre companheirismo para o colonizador "civilizado - que vive no meio de guerras.

Escolas Antropológicas:
  1. Evolucionismo ( Morgan, Tylor);
  2. Historicismo (Boas);
  3. Funcionalismo (Malinowski);
  4. Estruturalismo-Funcionalismo (Mauss);
  5. Estruturalismo (Levi-Strauss);
  6. Interpretativismo (Geertz);
O professor comenta ainda sobre uma discussão acerca do método antropológico, pois seria correto o termo Etnologia - que, de fato, chegará a ser adotado -, e não Etnografia, pois a grafia ( a escrita ) é a produção, que é só uma parte do estudo ( a "logia" ) e, sem este, não há aquela.